quarta-feira, 28 de março de 2012

terça-feira, 27 de março de 2012

Hoje sou senhor do bom dia. Hoje fui senhor do bom dia. Como os sons da brisa que se tornam vento na janela do carro aberta, num dia de sol. Hoje fui amante das palavras, ainda que controladas, para que as palavras te levassem o amor que não te posso dar à distância. Abracei as palavras como te abraço a ti e meti-as nos dedos, quando te escrevi. Na esperança que as palavras desatem o amor e o encaminhem em direcção aos teus olhos. Já sem medo do sentimento estar preso às drogas que vêm na tua boca, já de ressaca. Na calma do sentimento guardado e sóbrio, como numa manhã de verão em que os pássaros cantam e o ar é tão quente e puro que a calma é a única ansiedade possível. Hoje sou senhor do bom dia. Porque imagino o teu sorriso e o brilho nos teus olhos, porque o amor é novamente uma possibilidade, porque o amor pode ser não querer morrer. Os meus dedos escrevem no teclado do computador, porque os meus braços estão ligados ao meu peito, no meio do burburinho das palavras repetidas e termos em inglês, no meio da confusão. O meu sangue carregado de prosa como anteriormente foi, com gosto. Bom dia.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Outro mar

E de repente. De um momento para o outro. Como se mudasse de capitulo. Como se mudasse de história. Saem raios de dentro de mim, cheios de estática que se penduram no ar e se colam aos cabelos. Que os levantam. Raios com som de cordas de guitarra. Como se todo o amor do mundo estivesse apontado a mim. Cinco amores, cinco histórias. Como se num final de um livro, tudo fizesse sentido, tudo se juntasse num ponto em que as personagens se cruzam e desvendam o final. Se retiram as morais. As minhas entranhas a pontos de explodir. E alguém vai cair. A partir daqui não pode vir mais nada que sofrimento. Não pode subir… Descobri que sou mais difícil de ler do que pensava, descobri que tenho de continuar escondido, que a sociedade ainda não é tão liberta como pensava, e tudo o que trás felicidade trás a dor às cavalitas. E a duvida. A confusão. A felicidade é o sentimento dos segundos e dos minutos. Ser-se feliz durante horas é uma coisa que poucos têm direito. Como fui com a chuva a bater-me na pele em dias quentes. Eu tenho três amores, que não sabem quem eu sou. Quatro histórias, do sitio de onde eu vim. Do mar de onde eu vim. Para encontrar neste mar mais salgado alguém que me agarra e fala com abraços e mãos. Que me diz, não me deixes, apenas com o agarrar da minha mão. 

sexta-feira, 23 de março de 2012

Melhor que o cantor, eu tenho 3 amores.
Cabelos negros.
As mãos, O sorriso.
A doçura do saxofone.
E sinto-me tão bem a olha-las de longe.

(Não. Afinal tenho 4.)
Duas em cada hemisfério.
Duas em cada ventrículo.
E batidas de baixo e pontapés em bombos.
E sinto-me tão bem a falar-lhes do tempo.

De joelhos no chão e alianças na boca,
Alianças nas mãos, entre as mãos,
Pés dormentes, braços cansados,
Suor e hormonas,
Mamas e conas.


Eu tenho 4 amores.

terça-feira, 20 de março de 2012

menina do rio

Como é que é suposto confortares-te? Como é que é suposto preencher um buraco de tão tamanho? Como é suposto viveres as saudades que nunca poderão morrer? Tal carga que te habita a alma, que dúvidas não te restem que tão grande divindade em ti habita. És altiva, grandiosa, maior que todos os homens que conheço. E de braço mais forte. Já pensei que fossemos iguais. Já pensei que as nossas vidas fossem paralelas destinadas a cruzarem-se, não são. Tu és maior. Muito maior. Habitas num nível de grandiosidade superior. Prepara-te, a tua hora está a chegar. A tua missão no fim e
Ergue-te, como te ergueste no dia em que foste coroada princesa.
Ergue-te como te tens erguido, como te ergueste com olhar langue, quando cresceste para te tornar senhora do dia.
Ergue-te, no dia em que perdeste parte do teu coração e encharcaste o chão com sangue.
Ergue-te, no dia em que o buraco da perda se aumentou e parte do teu peito enegreceu.
Ergue-te, neste que será o princípio do dia em que te tornas nobre, vestida de negro.
Ergue-te, debaixo do céu que te pertence, ó menina do rio.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Cai sobre nós a escuridão

Cai sobre nós a escuridão. O enegrecer do céu nos teus olhos. Permanece uma réstia de esperança representada e presente no teu sorriso de canto dos lábios. Quase imperceptível. Pelos teus piercings, pelo orifício onde o metal te atravessa duas vezes o nariz e o lábio, sai o ódio que tens pelo mundo, devagar. E o mundo responde com o olhar igual aos teus piercings, gelados. Mas eu não. A minha mão nas tuas costas, a minha mão sobre a tua pele branca por baixo da tua t-shirt, representa o amor que nunca tiveste, o meu. E o teu amor por mim, qualquer coisa que nunca esperaste ver em caras barbudas. Despes-te de preconceitos e da roupa que os esconde, mostras as cicatrizes que não se vêem em fotografias, mostras o teu sexo. Cai sobre nós a escuridão. Os nossos olhares cruzados em quintas diminutas. Deitados num tempo e num espaço que não existe, rodeado de fumo preto, com vignette. Vistos pelos olhos do grande irmão, que sobrevoa toda a sala por cima de nós, em câmara lenta. Um som crescente e agudo com ondas sinusoidais que nos permitem a percepção da mudança de amplitude traduzida no volume, misturado com gemidos. As tuas unhas espetadas no meu peito. Caiu sobre nós a escuridão, e com ela misturou-se o amor.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Pensar em ti
é sinónimo para solidão.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Onde está esse teu Deus?


Abro a porta com esperança. Os meus ouvidos focados no silêncio ou na hipótese de poder haver um grito melhor que o silêncio. Entro e o ar pesa-me nas costas. Prende-me os pés, o silêncio interrompido por uma só voz, um só tom monocórdico, a tristeza. O som pesa. Tudo pesa. As luzes falsas não são o suficiente para iluminar o que quer que seja. As verdadeiras casas da escuridão. A tristeza com uma réstia de esperança e outra de revolta. Onde está ele? Onde está o teu Deus agora?
O ar enfastiado, grosso, sobrelotado de impurezas que a chuva não leva, que custa a passar na garganta. Todos os olhares cansados à minha volta, e o ar que teima em não querer entrar nos pulmões, com a barriga cheia de tristeza, gordo. Pior do que estar triste por razões que sabemos ser só nossas, é estar por razões conjuntas, é um tipo diferente de tristeza. É espalhada pelo tecto como fumo. Atirada directamente ao coração, como uma seta, não se espalha lentamente como veneno. É injectada directamente no alvo, e faz as pálpebras pousarem-se sobre os olhos. É a razão de querermos viver, é o que nos dá força… É a escuridão a envelhecer-nos por dentro, enquanto o exterior, fora de fronteiras, sorri e finge que está tudo bem. E aproveito os momentos de solidão, para chorar, e perguntar onde está esse teu Deus…