quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

O sol espreita por entre os intervalos nas barras de ferro que nos suportam. A neblina deitada no horizonte para que não vejamos mais nada, para que ganhemos noção daqui, já tão próximo. O arco íris de volta a mim sem a íris, com cores reais que consigo agarrar. Deixamo-nos ficar entre os intervalos para que iluminados de laranja nos aqueçamos sem precisar do calor um do outro, guardado para quando nos refugiarmos no canto só nosso, iluminado por nós, aquecido por nós.
Não te posso trazer comigo no entanto és a ideia mais presente dentro de mim,  mesmo passados os momentos ao sol mesmo fora da neblina.

sábado, 24 de dezembro de 2016

Aquela conversa de circunstância, aquela conversa de merda, sobre assuntos irrelevantes, sobre o quão quente é a tua casa, ou o quanto gostas de doce de ovos. Conversa que acrescenta zero, ou perto disso. A conversa que eu e tu criamos sem grande dificuldade. Fluída, mas que poderia acabar a qualquer segundo se um de nós quisesse, e chamaríamos de terminada. Que contigo é interminável, porque queremos dizer coisas irrelevantes um ao outro, e saber as coisas irrelevantes um do outro e sentirmos-nos aconchegados por dentro com as mãos em cima das palavras um do outro, palavras que espero que me sussurres ao ouvido - "não gosto de doce de chila" - e arrepiares-me por dentro. Assim nasce amor, devagarinho.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Nojo

Já não consigo andar na rua sem te encontrar. Tive de dar dois passos para trás tal o cheiro a esperma que acompanhou o tudo bem. Sem soutien os bicos das tuas mamas espetavam a t-shirt cheia de nódoas. E leggings não são calças. Senti um bocado de nojo. 1 para 1 balizas pequenas. 2 para 1 balizas grandes. 3 para 1 balizas grandes? Não sei.
Então andas assim sem soutien? Tapaste-te como se a vergonha fosse sincera, enquanto esfregavas os braços. Masturbação mamária. Ia agora tomar banho, disseste. E ainda que enojado não resisti a acompanhar te até casa.
Ainda pensas em nós? Não.
Tenso e com raiva do que eras e do que te tornaste, cedi os dois passos que tinha dado anteriormente, fui em frente e meti a mão entre a tua pele e a roupa interior. Tentaste afastar me e ergueste o joelho na tentativa de me acertar, levantei o meu ao mesmo tempo e embatemos um no outro. Caída no chão a chorar de dor e provavelmente algo mais. Vulnerável. Tirei te a roupa, e entre choros e gemidos, entre dor, prazer e nojo despedi-me de ti.

domingo, 18 de dezembro de 2016

Mete o tubo na tuba,
Dá tudo na cirumba.
Se partes o galho, esfrangalho
All in one's não falho.

Se queres fogo de vista,
Dá tudo na pista.
Se preferes artistas,
Desculpa aqui sou só turista.

És cabedal usado,
Com buracos generosos,
Mas se é pra cobrir o mendigo,
Deixa os armários manhosos.

Hoje escrevo hip-hop,
Puxas isso de mim,
Eu não me quero assim,
Vai pra puta que te parin?