quarta-feira, 27 de julho de 2016

Morte

Consegues sempre deixar-me a pensar em ti até à exaustão. Visto a máscara de feliz e equilibrado para te olhar nos olhos, meto-me na carapaça para te receber os golpes e saio cansado, com o coração a rastejar pelo chão até sair de cena, do palco, dos bastidores, do anfiteatro, só para jogar pelo seguro. Ainda penso em ti quando penso em amor e ainda me lembro de ti todos os dias. Ainda guardo aqui dentro cada fotografia, de cada membro do teu corpo e de cada sorriso. Ainda consigo ouvir cada tom da tua voz, cada suspiro, cada gemido... e ainda se repete com perfume e tudo Amo-te muito €%#&@.

domingo, 17 de julho de 2016

O que é que tu estás a fazer com ele?  Estou á tua espera, a preparar me a cada dia para ser teu como tu minha, encaixados no encanto, de mãos dadas sem saber. Tu percebes me como ninguém, tu lês me a alma, e eu sem discernimento, sobriedade e conhecimento, olho-te à distância, tento desvendar a concordância, porque um amor nosso, ou nos metia no fosso ou era nosso para sempre.

sexta-feira, 15 de julho de 2016

É esse mesmo o problema. As pessoas preferem coisas falsas a coisas verdadeiras. Não interessa se é fabricado e sem conteúdo. Não interessa se não és tu. O que interessa é estares de acordo com os padrões da sociedade. O que interessa é manteres te ao mesmo nível que os outros, não vá alguém tropeçar e aleijar o ego, não vás tu mostrar a ninguém que só por ser norma não quer dizer que seja bom. Mostras te como não és, para te acariciarem o eu, para te dizerem que tu és espectacular a não seres tu enquanto tentas ser tu.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Diário ep 2 | Social

Ultimamente tenho feito um grande esforço para colmatar um grande erro do meu passado. Ser anti-social como à puta que pariu. Tenho tantado falar com gente nova e falar com gente velha, tento comunicar com gente que não conheço e que conheço mais ou menos, tento ser um bocado mais interesseiro do que o que era e tento dizer boa dia a toda a gente. Tenho aprendido umas coisas com isto, tenho aprendido que eu à distancia visto assim pelo buraco da fechadura posso parecer interessante, que falo mais facilmente com gente com 10 anos a mais que eu e que sou uma seca. Hoje percebo porque é que sou uma seca a maior parte das vezes, porque sou medroso, e percebo também porque é que posso parecer mais interessante para pessoas que não quero agradar, porque com essas não há grande medo. Arriscar não é, definitivamente, comigo. Aprendi que existem tantas pessoas iguais no mundo que só ficas sozinho se tiveres azar, que as pessoas existem em padrões, e que se te lançares uma rede para fora de pé, se tocares musica alto o suficiente ou afinares a pontaria da pressão de ar, qualquer dia pode te calhar um sardinha, uma bailarina da formada na Bolshoi, ou uma alvéola-citrina.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Diário ep1 | Entranhas

Em grande parte do  tempo em que sobrevivo, estou dormente. Acompanhando a tendência da sociedade. Agarrar nas coisas como mais que isso, com o cérebro paralisado pela luz que se reflecte na minha cara cegando-me e adormecendo-me do que me rodeia e iludindo-me que sou feliz.
Por outras vezes (muitas vezes) penso em mim, na minha vida, no estado da minha vida, nas pessoas que tenho e que tive, na carreira que não tenho, nas decisões que tomei, nas escolhas que fiz e nas que não fiz. Penso no meu caminho, passado até ao futuro, nas saídas, nos desvios, nos reencontros, nos desencontros e nos outros, os outros de fora, e os outros de dentro. A forma de lidar com tudo isto é querer morrer. Sempre. Se não posso ser quem queria ser, mais vale não ser, mais vale dar um tiro na cabeça. Essa imagem repetida ao expoente da loucura, nunca doce. Tão repetida que aqui dentro já não há alarme, "qualquer dia vai acontecer". Quando penso nisto tantas vezes que é quase verdade a primeira coisa que me demove é a cara da minha mãe, essa imagem, a imagem de uma pessoa morta por dentro e de preto por fora, os olhos vidrados. O resto mais cedo ou mais tarde aceitaria. Quando me dizem que não percebem a atitude a minha resposta raramente é sincera, eu compreendo perfeitamente. Gostava de não perceber. Hoje olho para as minhas mãos, pousadas no teclado que vos escreve e vejo alguém que anda á deriva, sem sentido, raramente me reconheço no espelho e raramente tenho energia suficiente para me querer reconhecer. Cheio de imagens na cabeça, flashes, sons e cheiros, estou a morrer aos poucos... e se for para morrer, quero que seja de uma só vez.


terça-feira, 12 de julho de 2016


Fico admirado quando alguém, por acaso e quase sempre sem motivo, me diz que não sabe o que é o amor. Eu sei exactamente o que é o amor. O amor é saber que existe uma parte de nós que deixou de nos pertencer. O amor é saber que vamos perdoar tudo a essa parte de nós que não é nossa. O amor é sermos fracos. O amor é ter medo e querer morrer.

José Luis Peixoto 

domingo, 3 de julho de 2016

Que me despedace, que me dilacere e me rasgue a carne devagar, que me esmague os ossos e me arranque os olhos, que me carbonize um raio, que se me acabe o mundo, antes de te ver sofrer, sangue que me corre e me faz correr.