sábado, 21 de dezembro de 2019

Tou à espera que o lobo venha e me coma a cabeça,
Sou de ficar a olhar no fundo até que a coisa aconteça.
Se cair em mim que perca a força e adormeça.
E me finja de morto até que a fome desapareça.

Dentes afiados , pensamentos viciados,
A bafejar no meu pescoço, já só pensa no almoço.

A rosnar no meu ouvido, olha um porquinho ferido. Cerra os dentes de repente, mais uma galinha contente.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

So queria que com o calor do verão ou debaixo do sol de inverno, a nossa pele se fundisse, se atravessasse e os nossos órgãos se unissem. Nós os dois num só. Assim, eu deixaria de existir e tu serias minha para sempre - felicidade.

terça-feira, 18 de setembro de 2018

hold my hand, even if you dont understand.
Ele disse e eu digo, e repito
Segura a minha mão mesmo que não entendas
mesmo que para ti não faça sentido
não venhas com então o que foi
abraça-me e pensa comigo
talvez seja suficiente
o amor e uma cabana
por uma semana - mas,
se a cabana não se mexer
e não me apetecer foder,
já não vou querer viver 
e tu não vais perceber
e vais pensar que és tu, mas
não és tu sou eu baby
já ouviste esta frase? 
e se desta vez for verdade?
e é verdade quando te digo 
que não quero mais ninguém
e que contigo vivia este e mais cem
se conseguires aguentar o meu choro,
e quando ás 7 da manha quase morro mas,
eu sei que não é fácil,
tás a viver com alguém
que te promete o mundo,
e é bom com as palavras
na mesa ao almoço,
mas que desce ao poço
e perde a voz
com demasiada frequência
 sentimo-nos sós
eu porque estou e tu porque me fui,
mesmo ao teu lado constantemente cansado,
do barulho do mundo e do sangue nas veias,
de ficar preso nas teias
enterrado nas areias
descalço ou com meias
não é para que me leias
Agarra só a minha mão.


quinta-feira, 8 de março de 2018

Há dias que não acontece nada. O meu corpo aqui, encaixado na cadeira a ver o sol a por-se mas pela extinção da luz que entra pela janela. E de repente passam se meses, sem as rodas mexerem um centímetro, só acumulando pó nas prateleiras. Há dias em que não acontece nada. Aconteço eu porque existo, e quando menos acontecem menos acontecimentos há. Mas há outros, em que acontecem coisas. E em contraste, parece que acontece tudo. Que de repente o mundo não é só este meu canto, mas milhões de outros seres que vivem e que acontecem. De repente há pessoas que endoidecem, que se passam e se tornam pessoas desconhecidas, mesmo aos que viveram a vida toda com eles. Mesmo que há uma semana parecessem as mesmas. De repente há pessoas que morrem, e que parecem tão próximas, mesmo que nunca tenha ouvido a sua voz. Que sem sinal, de um dia para o outro, deixam de existe, desaparecem. E com elas as fotos e os poetas e os textos e as exposições. Porque o tempo ás vezes anda. De repente mal me sento na cadeira, porque afinal há quem se lembre de mim e eu tivesse voz para dizer o que penso, e escrever o que sinto. Tanta dormência acordada, que choca, que me lembra que a vida é uma merda, mas existe. E eu ainda estou cá.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Covinhas

O que foi?
Perguntas tu mil vezes,
As mesmas que bate o meu coração quando sorris.
Não foi nada.
Digo eu quinhentas.
Á outra metade não digo nada,
Continuo apenas nas covinhas das tuas bochechas.
A sorrir contigo.

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Corrente e sal

Mal posso esperar por chegar,
Olhar-te e ver-te esboçar,
O sorriso que já me roubou,
O ar que o inverno gritou,
E que tu vieste cantar.

Ter o teu peito para eu desaguar,
E tu meu leito para te aninhar,
Seres o sal da minha corrente,
E contigo navegar pra frente,
Eu o teu rio, tu o meu mar.

terça-feira, 21 de março de 2017

Quando o meu coração acorda vazio, ou se esvazia pelos furos das balas perdidas, entras tu de rompante no teu barulho silencioso, no teu sorriso esgueiroso,á procura do meu que já lá está, por saber que ai vens. Sempre de mansinho abres de vagar o teu caminho, e com a tua varinha, enches-me de calma e alegria, e beijas me no espaço, até sentir no teu abraço, o meu coração a encher.