domingo, 9 de setembro de 2012


Perdido. As minhas mãos e os meus pés sem compasso, sem tempo e sem o mercúrio que não sei bem onde fui buscar anteriormente. Virtualmente morto, etereamente morto. Como se o meu coração andasse pelo espaço sem noção da duração, do clima, da época. Envelhecendo passo a passo sem andar, envelhecendo como uma estaca pregada no solo enlameado. Com o vento e a água a correr e escorrer por mim e oxidando as articulações que ainda funcionam. Com o cavalo à solta dentro de um estábulo e o pássaro a voar dentro da gaiola. Estímulos, são tantos, mas tantos são quanto mais estímulos são, e mais confusão é. E é grande, gigante. Estou perdido e não sei falar a língua da minha cabeça, estrangeiro dentro de mim próprio, estranho a esta casca. E à medida que a carapaça aumenta, que mais me fecho dentro de mim próprio, mais corro em ruas apertadas e me afasto de onde quero ir e mais me perco e mais me fujo. Tornando-me estrangeiro dentro de mim próprio…