quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Olhos rasgados e cara cansada, satisfeita de ter chegado finalmente o fim do dia. O perfume que espalha sem saber, relata aos presentes o que faz durante todo o dia. E as mãos a idade que realmente tem. Leva os tempos livres bastante ocupados na mente, a rotina que lhe foi empregue pela pressão familiar e social. Toda ela é pressão.
Ouve-se o ruído constante do comboio a deslizar nos carris, algumas vozes que conversam sozinhas e o silêncio possível pós trabalho, fecha os olhos, morde os lábios. São os seus minutos de paz.

Sinto te a ir embora devagarinho, como olhos a acordarem de manhã e a habituarem se à luz que julgavam ser suficiente. Já cansada de a casca não bater certo com o miolo, como a maior parte. Já moras dentro de mim, és a primeira coisa que penso de manhã e a última à noite. Talvez seja só solidão, talvez seja paixão, não estou bem certo. Olhos de lobo, pele de carneiro e garras em mim a despegarem devagar sem deixar tempo de sarar. A depressão talvez me mate desta vez.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

A poesia que mais gosto é das coisas simples, como o comboio a chegar, uma pessoa a aconchegar-se do frio ou a ponte lá ou fundo a espreitar por cima dos prédios. O quente que sinto dentro de mim por te ter perto dos homens, a cheirarem te o sangue de menina a quilómetros, é o equivalente aos mais ásperos ventos a entrarem nos meus pulmões inflamados. Porque a poesia faz de mim assim, a sentir tudo com mais força, até o sol que varre as árvores.

domingo, 8 de janeiro de 2017

Desculpa. Mas pessoas vazias é das coisas que mais me irrita na vida. Detesto o modo como falas de gente como se fossem objectos. Detesto como para ti a ejaculação é a parte mais satisfatória da vida. Tenho pena de ti. Tenho mesmo. Pões me no pedestal tão alto e eu a ti ponho-te no meio dos demais. Não tenho conversa para ti, cansas-me com duas palavras. Desculpa. Mas pessoas vazias quero as longe. Nunca mais perco o comboio.