quarta-feira, 21 de novembro de 2012


Deixou- me com os joelhos no chão. Palavras ditas em vão. Nunca me deixes, dizia-me nos olhos. E a história repete-se a si própria. Desceu as escadas mais devagar desta vez… a velhice fez com que a história desta vez demorasse mais tempo a chegar ao mesmo ponto de sempre. Aquando dos meus joelhos se esfolarem na gravilha. Histórias contadas em frases dobradas dentro de envelopes.

Deixa lá, hoje em dia a única forma de eu não me sentir com medo é estar sozinho. Sozinho caio… Sozinho precipito-me sem força nas pernas para o chão, mas precipito-me para o sítio mais seguro que já conheci. Assim que as luzes se apagam, caio no chão em segurança.

Hoje escondo-me na noite, no escuro, sozinho… nem a minha sombra me ouve. Converso com ele na minha cabeça para tentar perceber o que correu mal. Precisava de mais espaço, dizes tu… Logo tu… Espero que te sintas sozinho sem mim. Espero que sintas a minha falta. Querias que te desse menos? Mas se te desse menos como poderia ser mais? Se fossemos menos como poderíamos ser mais? Não sei.

Deixa lá, ele era amargo… Até no próprio dia de anos era amargo… Vivia a dizer que eu lhe punha palavras na boca, mas a seguir fazia o favor de as cuspir cá pra fora. Como se caíssem bombas na minha consciência. Como é que ia crescer assim? Aposto que era capaz de fazer o mesmo caminho centenas de vezes…

Vou-me manter no meu quarto escuro, enquanto chover lá fora. Enquanto me sentir engolido pelo mundo. Antes dormia em lágrimas quando tu apareceste, vou voltar às lágrimas, à espera que apareças de novo.