segunda-feira, 3 de outubro de 2016

acredito que numa história de amor, o amor não chega simplesmente ao fim. acredito que que na maior parte dos casos uma relação acaba porque morreu a paixão, porque deixou de haver aquele fogo intenso que morre muito com o fim dos mistérios e que por vezes se torna difícil de manter aceso. quando falo de relações pressuponho uma duração relevante, que dê tempo ás coisas de se formarem, criarem e morrerem, ou não. o amor à primeira vista não existe, é impossível e absurdo. amor é como o carinho, é criado em porções mínimas e precisa de uma estufa para crescer, de sol, de água, de tempo. o amor à primeira vista é confundido com paixão demasiadas vezes, paixão à primeira vista já acredito piamente, eu apaixono-me a cada virar da esquina, já o amor, preciso procurar debaixo das pedras da calçada. e é por isto que não acredito no fim do amor assim, do nada, ou num tempo limitado. o fim das relações doí porque há amor. ou chegamos ao fim da paixão e queremos aquele amor para sempre, acreditando que a paixão acende e apaga, ou percebemos finalmente, já na sobriedade do fogo extinto, que amor não é suficiente, e que todas as razões que mataram a paixão, os motivos de todas as discussões e as cicatrizes que deixamos uns nos outros, são o ponto final numa relação que tem os minutos contados. o amor, esse fica durante mais um tempo, a espicaçar as entranhas sobre as decisões tomadas, sobre as drogas, hormonas e feromonas cuscas e intrometidas, até que um dia dizemos obrigado por não termos desperdiçado o dia em que te conheci no nado-morto agora enterrado. obrigado pelo peso das tuas palavras.

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