Se os meus olhos fossem de pedra seriam o chão. O chão alcatroado em pleno verão, ardente. Se os meus olhos espezinhados fossem o chão, o chão era triste. E se o chão fosse os meus olhos, os meus olhos eram iguais. Encardidos e enrugados. Pesados. Carregados.
Se os meus olhos vivessem no mar seriam algas. Algas deixadas sozinhas, acompanhadas apenas de ocasionais dentadas de peixes estranhos. Se os meus olhos fossem algas, afogados, perdidos no meio mar, seriam as minhas algas, pelas quais eu veria turvo o mundo.
Se os meus olhos fossem luz, seriam a sua ausência. Seriam a ausência da existência da luz. Apagados. Extintos. Perdidos em universos onde a matéria é impalpável. Se os meus olhos fossem a luz, seriam como são hoje, agora, apagados, pretos, sós, tristes. Mortos.
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