quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Nature Boy

Bêbado. Mal conseguia andar em linha recta. Mal conseguia ver para além do nublado. Mal conseguia chegar a casa. Mas era para lá que caminhava, nas ruas vazias, de madrugada. As luzes de um carro bateram-me nas costas sem me alarmarem, continuei a andar.
Desculpe! Sabe-me dizer onde é a rua R?
Era uma senhora. Não me lembro da cara dela, lembro-me vagamente das roupas que usava e da sua altura. Lembro-me vagamente da sua magreza. Lembro-me vagamente de como falava.
Volte para trás, e vire à direita, suba e depois vire outra vez à direita e suba até encontrar o cruzamento, depois vire à esquerda e…
Também vai para essa zona?
Sim, mais ou menos.
Então não quer vir comigo? Eu depois dou-lhe boleia até onde quer ir. Tenho que ir à casa da minha irmã. Mas tou perdida.
Dei um passo em frente e ela voltou costas em direcção ao carro preto, de faróis apontados e porta aberta. Entrei no carro. Parecia novo e cheirava bem. Fez inversão de marcha. Começou a falar da casa da irmã, ou irmão… ou coisa parecida. Andava muito devagar. Muito devagar. Meteu a mão a uma revista que tinha no tablier do carro. Abriu uma página no meio e deu-ma prás mãos.
O não sei quantos, grande carro. O meu pai tem um desses e emprestou-me quando fui para Espanha, anda tanto! Mal começava a acelerar e era logo vruuuuu! Quando me habituei não queria outra coisa…
A 20 km por hora eu acenava com a cabeça e interrompia para…
Vire aqui à direita…
Tirou-me a revista e voltou a página. Mais carro. Pousou-a no meu colo.
Estás a ver esta parte? Isto faz isto e aquilo.
E apontava com o dedo em cima da revista, e apontava com o peso da mão. E virava a página.
Estás a ver estas duas gajas? Mesmo boas. Eu estive com uma amiga da que está à direita, quando fui a Espanha. As espanholas são malucas. Logo a atirarem-se a mim. Sim, eu sou bissexual. Grandes mamas, estás a ver?
E apontava com força. E retirava a revista, virava a página e segurava-a com o vértice contra a minha braguilha. Mais duas e três páginas. A minha pila pulsava contra as calças e contra a revista.
Eu sou da cidade 2878, aqui sou estrangeira, não sei onde ando.
Lá a frente vire à esquerda…
Mas tas a ver essas gajas? Foda-se, mesmo malucas. Tu não te metas com espanholas, elas fazem de ti o que querem. Ainda por cima com estas mamas. Quantos anos tens?
Dezasseis.
Hum, estás muito bem constituído para a idade. Eu tenho 36.
Já só conduzia com uma mão, a outra segurava a revista com força e os olhos mais para o lado que para a frente. O pé mais no ar que no acelerador. E eu quase calado, sem reacção às centenas de palavras por segundo ou à pressão desconfortável que as minhas calças já impunham.
Chegamos… é aqui a rua R…
Abrandou o carro, quase parado, no meio da estrada, pousou a mão no meu colo e sentiu o pulsar. Não tive reacção. Fiquei parado a olhar para ela. Pôs-me a mão no cinto…
Espera, deixa-me estacionar.
Estacionou. Apagou as luzes. Desapertou-me o cinto e a braguilha, meteu-me a mão dentro dos boxers. Tirou-me a pila pra fora, que a esta altura já era caralho. Mergulhou com a cabeça. Contraí o abdómen. Perdi a noção do tempo. Não sei quanto tempo se passou enquanto mergulhava e vinha a cima. A minha mão já caía sobre a cabeça dela para ajuda-la a afundar qualquer coisa na garganta. Agarrou-me na mão e puxou-a para si. Fugi.
Não tenhas medo, também não costumo fazer isto, eu sou séria, eu sou casada, eu tenho dois filhos.
Voltou a pegar-me na mão. Desta vez deixei-a levar-me a explorar sítios nunca antes explorados pelo meu corpo. Molhada, encontrei entrada aos gemidos…
Abri a porta.
Deixa, eu levo-te. Eu disse que te levava.
Arrancou.
É aqui.
Estava a 2 minutos de minha casa.
Não me queres dar o teu número?
Não.
Fechei a porta. Esperei o carro ir. E fui-me.
   

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