Tomamos decisões baseadas em nós próprios. No que nos vai cá dentro. Quando o que cá anda fora é tão velho e sabido. Tomamos decisões e falhamos. Caímos. Decisões baseadas nos instintos, no quão quente nos corre o sangue e na rapidez que nos aquece a carne. As mais difíceis são as que perduram.
O apito. Que era o seu único sinal de vida. Foi a primeira coisa que reparou quando acordou. Como se fosse o inicio de um filme. Que era seu. Um desvanecer do preto ao primeiro plano. E uma linha verde que apitava.
Tomamos decisões que nos mudam a vida. São fracções de segundo. Ou as fracções de segundo. Que fazem haver explosões no céu. Que Determinam a tinta com que é pintada os nossos dias, o brilho, o contraste. A textura.
Os pés, que estavam lá, não existiam. De repente, a força que tinha de fazer para levantar uma perna era mínima. Dormente do joelho para baixo, sentia a presença da perna que já lá não estava. Espasmos numa perna que já não existia. A outra perna, a esquerda, tinha ficado completamente desfeita. Foi também amputada e estava ligada. A primeira imagem que teve foi de, eu estou num pesadelo. A segunda foi desespero. Pôs as mãos nas pernas e no vazio para apalpar o que já não existia. A cara de espanto misturada com apatia. O grito de desespero preso na garganta. As lágrimas presas nos olhos. O sangue parado. As mãos frias.
Tomamos decisões sem pensar. O foleiro do, nos pensamos que só acontece aos outros, é foleiro por alguma razão. É porque é verdadeiro. Tomamos decisões porque queremos viver, e viver é arriscar. Arrisca. A vida é para isso. Dá tudo e não percas oportunidades de preencher os desejos e os sonhos. Mas não te esqueças que por vezes amputam-nos as pernas.
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