quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

De volta em mim

Como se estivesse a beijar pela primeira vez. Cada vez. Cada única vez que te beijei. Foi como se estivesse a beijar pela primeira vez. A primeira vez que os meus lábios tocaram noutros, a primeira vez que a minha boca se abriu em sintonias harmoniosas de hormonas e sucos. A opiorfina. Porque eu queria ser o parvo que se sentava contigo a tocar músicas à luz das estrelas. E que te via dormir. Porque o amor e eu somados somos iguais ao foleiro. Abro as mãos para o céu… é assim a vida. Estou aqui todo mobilado por dentro, sofás com cobertas de veludo e tudo! Cadeiras massajadoras, com lugar para os cotovelos, e sem pescoços pendurados. Com elevações para os pés. Leitores com 5.1 e gravações do barulho da chuva, com aquecimento central. Mas com os lugares todos vazios, com visitas pontuais que não me gastam o chão, que não me gastam a pintura das paredes. E o espaço vazio cheio de pó transforma-se em recantos. Escaninhos. Onde durmo de olhos cansados e faço textos. E eu, que podia ser o parvo que se sentava contigo a tocar músicas sobre estrelas, ao luar. E te via dormir. Estou aqui, a tocar e a escrever para alimentar o coração.

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