Os amores e as paixões. As compaixões. Que se juram, que se
trocam, amarrotam, se destroem. Na tentativa de ter nos olhos o brilho a que
muitos nunca tiveram direito. Talvez os que o tiveram em demasia em parte da
sua vida estejam impedidos de o ter. Porque o idealizam. Porque os ideais são
impossíveis. Pelo menos os ideais futuros. E eras tu Jéssica. Eras tu quem eu
queria que me pertencesse a pele. A tua posse dos meus olhos não chega. Tu e
esse teu vestido branco. No dia em que te vi deitada naquele campo. Eu sabia
que um dia serias minha. Foi pena ter sido apenas naquele dia. Mas porque é que
tiveste de reagir daquela forma? Podíamos ter casado. Teríamos bonitos filhos
de cabelo preto. Pequeninos e rechonchudos como tu. Podíamos ter voltado àquele
campo outra vez. De onde tu não saíste. De mãos dadas. Podíamos ter feito
piqueniques, podíamos ter ido ao banho ao rio. Comprávamos uma casa no campo,
ou na cidade, como quisesses. Agora não fazes mais nada que ver a lua. E
podíamos ter visto a lua juntos. Escusavas de ter dito que não. E eu escusava
de ter reagido daquela forma. Seria perfeito. Mas os ideais futuros são
impossíveis. Assim como esses teus lábios pintados de vermelho são impossíveis,
e as tuas maçãs do rosto pintadas de vermelho são impossíveis e os meus
pensamentos. Mas os teus olhos pintados de roxo foram possíveis, mas esses não
faziam parte dos meus ideais. Agora os teus olhos deixam-me triste. E foste só
mais uma. E agora és só a lembrança acabada. E estás Só. E foi do S de só que veio o
teu nome, Jéssica.
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