Há vidas e vidas. Há vidas de saudades e prazer, de luxo e
doer. De quem partiu à procura e encontrou na distância a prata. Há vidas de
amor e famílias, de heranças vazias, mas de heranças de ouro, já que não há
maior presente e poder que a educação no amor. Já vi o meu destino em rodas de
autocarros, em rodas de carros e abraços apertados matinais maternais. Agora
que o futuro me mostrou as asas, que me abriu os olhos a viagens infinitas e
saudades quase inesgotáveis, agora que as portas da maturidade se abriram, para
me mostrar que o futuro que era o futuro não existe, que o futuro do passado
não existe… fico perdido no espaço e no tempo como se a luz não existisse, como
não houvesse uma saída, como se por todo o lado fosse perder metade do meu
coração. Trago-te as mãos ao peito, trago os teus lábios comigo, para eu
conseguir sentir o sabor a sal, ou fico com eles guardados nos bolsos para te
dar a ti a calma do mar. Como se existisse uma saída certa, como se uma das
portas fosse a correcta, como se o futuro fosse pleno por um dos lados, a minha
cabeça explode de pensamentos exaustivos e complexos… E morro da saudade, mesmo antes de um de nós partir.
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